sábado, 13 de outubro de 2012

Joaquim Barbosa é filho de evangélica

Joaquim Barbosa parece nunca ter se acomodado ao que parecia ser o caminho natural para ele. O hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, aos 58 anos aparece com destaque na mídia em meio ao histórico julgamento do mensalão.
Filho de um pedreiro, cresceu ouvindo que nas festas de aniversário de famílias mais abastadas deveria ficar sempre no fundo do salão. Mas Joaquim, quando criança, preferia não ir às festas a ter de se submeter à humilhação de ficar separado dos colegas.
Dario Alegria, um primo distante de Joaquim, diz que naqueles tempos os garotos negros da cidade eram vítimas de forte preconceito. “Mas o Joaquim quebrou toda essa lógica, ele era diferente, nunca levava desaforo para casa e não aceitava humilhação”, acredita.
O pai de Joaquim morreu há dois anos. Ele atribui muito do seu perfil à influência de Benedita, sua mãe, evangélica da Assembleia de Deus há 45 anos.
Criado em Paracatu, interior de Minas Gerais, desde criança, Joaquim trabalhou com o pai. Por vezes ajudando a fazer tijolo, em outras entregando lenha num caminhão velho da família.
Barbosa é o primogênito de oito filhos de um pai pedreiro e uma mãe dona de casa. Aos 16 anos foi para Brasília, arranjou emprego na gráfica de um jornal e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público. Obteve o bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, fez mestrado em Direito do Estado.
Prestou concurso público e foi aprovado para o cargo de procurador da República, durante a gestão do ex-ministro Sepúlveda Pertence como procurador-geral da República. Licenciou-se do cargo e foi estudar na França, por quatro anos, tendo obtido seu mestrado em Direito Público pela Universidade de Paris em 1990 e seu doutorado em Direito Público pela mesma universidade em 1993.
Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês, alemão e espanhol. Joaquim Barbosa toca piano e violino desde os 16 anos de idade, mas não pode mais exercer sua grande paixão, o futebol, por causa de uma sacroileíte, uma inflamação na base da coluna que o obriga a revezar cadeiras no plenário para suportar as dores. O ministro passa a maior parte das sessões em pé e movimentando-se ou recostado sobre à cadeira. Além disso, passou a se licenciar com frequência.
Joaquim Rath, um amigo de infância do ministro, lembra que na casa da família Barbosa não havia sofá, geladeira nem televisão. Só uma mesa com cadeiras. Ele morava com os pais e mais sete irmãos “Mas com o Joaquim não tinha essa história de negro humilde e pobre, e ele não se subordinava aos ricos e brancos”, lembra.
Em 1971, a família foi tentar a vida em Brasília, a 250 quilômetros de Paracatu. Na capital federal, Joaquim se formou em Direito. Depois, foi aprovado no concurso para oficial de chancelaria do Itamaraty e posteriormente em outro, para procurador da República.
Fez doutorado na Sorbonne, em Paris, foi professor visitante na Universidade Colúmbia, em Nova York, e na Universidade da Califórnia. Barbosa fala quatro idiomas além do português: inglês, alemão, italiano e francês.
O tio, José Barbosa, de 78 anos, lembra que o menino tinha alguns hábitos estranhos: lia tudo o que encontrava, escrevia no ar, cantava em outros idiomas e gostava de andar com o peito estufado, imitando gente importante. “Todos viam que o Joaquim seria alguém quando crescesse”, afirma.
O ministro Joaquim é relator do processo do mensalão. Nos últimos dias condenou por crime de corrupção ativa José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, que formavam a cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT). Em novembro vai assumir a presidência do STF. Na internet já existe uma campanha para que seja presidente da República.
“O ministro incorpora uma espécie de herói do século XXI. Precisávamos de uma pessoa com o perfil dele para romper com os rapapés aristocráticos, pois chegamos ao limite da tolerância com a calhordice no poder”, diz o antropólogo Roberto DaMatta.
O ministro Joaquim Barbosa, foi confirmado o novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Antes do início do julgamento da Ação Penal 470, o processo do “Mensalão”, os 11 ministros da Corte Suprema votaram em sessão secreta para a escolha do novo presidente que assume em novembro. A sucessão no comando da Corte Suprema segue a ordem da antiguidade – a partir dos mais antigos até os mais novos.
O novo presidente, que cumpre dois anos de mandato, foi eleito por meio de um sistema de rodízio entre os integrantes da instituição, permitindo a alternância do poder. Atual relator da Ação Penal 470, Barbosa terá como vice-presidente o revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski.
A posse de Barbosa só ocorrerá em novembro, quando, no dia 18, o atual presidente do STF, Carlos Ayres Britto, se aposenta compulsoriamente por completar 70 anos. Mas ainda não há a data precisa para a cerimônia de posse do novo presidente da Corte Suprema.

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