“Há
três coisas que são maravilhosas demais para mim, sim, há quatro que não
entendo: o caminho da águia no céu, o caminho da cobra na penha, o caminho do
navio no meio do mar e o caminho do homem com uma donzela” (Pv 30.18,19).
Hagur,
o autor deste texto inspirado pelo Espírito Santo, está extasiado com suas
reflexões acerca das maravilhas da criação. Como fruto de suas perquirições,
quatro coisas chamam a sua atenção. As três primeiras, ele as adjetiva como
maravilhosas demais. A quarta, ele confessa que não conseguiu entender. O que
deixou o autor sacro tão maravilhado?
Em PRIMEIRO
LUGAR, o caminho da águia no céu. A águia é a rainha do espaço, a
campeã indisputável das alturas nefelibatas. Com suas possantes asas, a águia
voa entre as nuvens, no pico das montanhas; e, com sua visão apurada, como uma
flecha, desce celeremente para apanhar a sua presa. O caminho da águia no céu é
percorrido com desenvoltura e confiança. Seus voos são altaneiros e em linha
reta. Se avista uma tempestade no horizonte, a águia ultrapassa essas nuvens
tempestuosas e voa sobranceira onde tudo está calmo e o sol está brilhando.
Em SEGUNDO
LUGAR, o caminho da cobra na penha. A cobra rasteja sobre a pedra
sem deixar marcas. Caminha, sem alardes, sem deixar rastro. Essa trajetória
fascinava o autor sagrado. Há aqueles que percorrem muitos caminhos, mas as
marcas que deixam não são dignas de serem imitadas. Deixam um rastro inglório e
pegadas escorregadias.
Em TERCEIRO
LUGAR, o caminho do navio no meio do mar. Este texto foi escrito
há quase mil anos antes de Cristo. Naquele tempo a navegação ainda era
precária, sem a ajuda da bússola e dos outros recursos modernos. Marinheiros
experimentados singravam as águas profundas dos mares e rumavam para horizontes
longínquos, conquistando sempre novas fronteiras. Experiência, coragem e
desafios arrojados alimentavam as aventuras desses pioneiros da navegação.
Esses mesmos princípios devem governar nossa vida.
Em QUARTO
LUGAR, o caminho do homem com uma donzela. Esta quarta figura
usada pelo escritor, trata do casamento. A relação de um homem com uma donzela
estava para além de sua compreensão. O casamento é um mistério, que aponta para
a mais sublime de todas as relações, a relação entre Cristo e a igreja. O
casamento não é uma união entre dois iguais, mas entre dois diferentes. O
casamento instituído por Deus, conforme o registro de Gênesis 2.24 é
heterossexual, monogâmico e monossomático (Gn 2.24). A relação de marido e
mulher não é de competição, mas de cooperação e complementaridade. O apóstolo
Paulo escreveu: “No Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem,
independente da mulher. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o
homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus” (1Co 11.11,12). Ainda Paulo
escreveu: “Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e
o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo” (1Co 11.3). Assim, a
liderança do homem no casamento não significa superioridade masculina nem a
submissão da mulher, significa inferioridade feminina. Isso fica claro quando
entendemos que Deus é o cabeça de Cristo e a segunda pessoa da Trindade não é
inferior à primeira pessoa da Trindade. Deus Pai e Deus Filho são da mesma
substância e têm os mesmos atributos. Compreender o caminho do homem com uma
donzela, portanto, é um exercício que requer mente atilada e coração sábio. O
casamento é uma aliança de amor, onde o papel do homem é amar sua mulher como
Cristo amou a igreja e o papel da mulher é sujeitar-se a seu próprio marido,
como a igreja é sujeita a Cristo. Esse caminho só pode ser percorrido
vitoriosamente sob a bênção de Deus e pautado pelos preceitos de Deus. Que o
nosso coração, também, fique maravilhado com essas figuras pedagógicas!
Rev. Hernandes Dias Lopes
Fonte: Hernandes Dias Lopes