A pernambucana Isaura Lopes tem 79 anos e a mais de 59 anos prega a
Palavra de Deus em todo o país, 19 anos nos aeroportos. Isaura está no
Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, com a missão de
divulgar a palavra de Cristo, como ela mesma explica. Com duas malas,
três mudas de roupa, um par de sapatos e a Bíblia, a pernambucana faz
suas jornadas pelos aeroportos de capitais brasileiras que duram 20
dias.
“Desde julho de 1953. São 59 anos viajando de Norte a Sul do país a
serviço de Cristo. Dezenove anos para cá dentro dos aeroportos porque
Cristo tem um plano especial para os ricos. Renunciei a tudo da terra,
todo conforto por amor a Jesus e por quem ele deu sua vida”, diz a
aposentada.
Ela está em Porto Alegre desde o dia 5 de outubro e passa o dia lendo
a Bíblia orando por passageiros e evangelizando funcionários. Na
próxima quinta-feira embarcará para Brasília, aeroporto que escolheu
como base.
Isaura testemunha sua experiência com Deus. Surda, afirma já ter
orado muito para que Deus a curasse, começou a perder a audição aos 38
anos. “Orava muito para não ficar surda. Um dia, ouvi de Deus: Isaura,
os sons da terra são muito desafinados com os sons celestiais, melhor é
não ouvir”, explica a senhorinha. Isaura já se julgou amaldiçoada. Não
conquistava seus principais desejos enquanto jovem e se revoltava sem
entender o porquê. Então ouviu de Deus que sua vida não era terrena. Se
tinha os pés no chão, sua alma estava no céu. Por isso voa, sem medo de
altura.
Isaura não tem família. Nasceu no sertão pernambucano onde completou o
primeiro grau, noivou e preparou todo o enxoval. E onde abandonou tudo
para seguir em uma eterna viagem pelo Brasil. Em nome de Deus, deixou o
sonho de ser mãe. E não se arrepende.
Sobre sua estada no aeroporto, a Infraero informou que não existe lei
que proíba e que ela não perturba os passageiros, nem pede esmolas. A
estatal vê Isaura como uma viajante comum, com bilhete de partida
comprado.
A rotina
Banho – As poucas horas em que dorme só são merecidas após um
demorado banho de pano e sabonete, que sempre acontece durante a
madrugada para não incomodar ninguém. O cabelo, já curto para não
atrapalhar, é lavado na pia com a ajuda de um copo plástico.
Sono – Em Porto Alegre, fez de um dos assentos próximos à escada
rolante, no terceiro piso, a sua cama. Ela posiciona a bolsa sobre um
dos braços do banco, coloca a Bíblia em cima e apoia a cabeça. Para
dormir, recolhe os pés desafiando o pequeno espaço disponível sobre o
assento.
Alimentação – Não toma café da manhã, acostumou-se sem. Mas o que
chama de carência alimentar bate por volta das 11h, quando se dirige a
restaurantes onde consegue descontos e, por vezes, até comida de graça. À
noite, é a vez de um pequeno lanche. As informações são do G1 e
Zero Hora.
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