Não é possível ter uma vida de comunhão com Deus e uns com os outros, enquanto se vive debaixo do governo dos desejos e paixões da alma, os quais são vencidos somente pela crucificação da carne por um andar no Espírito, como se vê em Gál 5.24,25.
Sem a crucificação da carne para a supressão destes desejos e paixões não é possível um viver e andar no Espírito, e por conseguinte ter paz na alma e comunhão com Cristo e o amor que suporta ofensas e tribulações.
E quando isto nos falta ficamos incapacitados de servir a Deus e ao próximo, porque a vida piedosa tem muitos inimigos e sofre muitos ataques do poderes das trevas, e portanto, sem o amor que tudo vence, não será possível estarmos livres de mágoas e ressentimentos quando somos ofendidos e afligidos.
Satanás a ninguém jamais serviu, ao contrário, sempre impõe ser servido por todos os que tem escravizado com ódio cruel e tirânico.
Satanás é uma mera criatura caída, e ainda assim governa sobre muitos cujo caráter não é tão baixo e sujo quanto o dele.
Nosso Senhor Jesus Cristo, ao contrário, sendo Deus, se fez homem por amor à humanidade, e nos revelou qual é o caráter de amor de Deus, sendo achado na forma de servo, e afirmando que não veio a este mundo para ser servido, mas para servir, e dar a Sua vida para resgate de muitos.
Quem ama como Cristo ama, terá então esta característica de não viver para ser servido, mas para servir ao seu próximo, porque é assim que é o verdadeiro amor – não busca o que seja do seu interesse, mas o de muitos.
Tendo sido criados à imagem e semelhança de Deus, devemos ser assim como Ele é em Sua natureza. Devemos amar com o mesmo amor com o qual Ele nos ama.
Deus não precisa ser servido porque é completo em todas as perfeições eternas e infinitas. O serviço que Lhe prestamos é para o nosso próprio bem e do nosso próximo.
Ele morreu na cruz como um sacrifício, não somente para que fôssemos justificados dos nossos pecados, mas para que pudéssemos viver a vida eterna nos alimentando da Sua própria vida.
Ele disse que a Sua carne é verdadeira comida, e que o Seu sangue é verdadeira bebida. Ele disse que é o Pão vivo que desceu do céu e dá vida a todo aquele que dele se alimenta.
Por isso, havia em no Velho Testamento, um tipo desta verdade, porque era ordenado aos que participavam dos sacrifícios de animais oferecidos no templo, que consumissem juntamente com os sacerdotes a carne daqueles animais que haviam morrido para que eles tivessem seus pecados perdoados e a manutenção de suas vidas, pela figura de se alimentarem da carne do próprio sacrifício.
Tudo aquilo apontava para o único e eterno sacrifício pelo qual somos perdoados e somos alimentados com a vida eterna de Jesus, que é o alimento do nosso espírito, e sem o qual Ele não se pode ter e se expressar esta vida divina de amor, paz, longanimidade, bondade, fé, perdão, misericórdia, que se acham em Cristo e que são comunicadas a nós quando andamos em comunhão com Ele.
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