Isso mesmo. Não salve seu casamento. Mantenha-o sempre seguro.
Esse é um hábito muito ruim que temos. Descuidar de coisas
importantes e quando a situação chega a um nível insuportável, então
rodamos o mundo para tentar sanar o problema.
Não nos preocupamos com nossa saúde a não ser quando ela já está
muito ruim. Aí nos desesperamos e procuramos por todos os meios
coloca-la nos trilhos. Vivemos sem qualquer controle em nossa vida
financeira e quando a falência bate à porta nós batemos em todas as
portas procurando alguém que possa nos ajudar. Cuidamos melhor de
pessoas distantes do que das próximas e quando as próximas se afastam
perguntamos o que aconteceu. Então nós dispomos a fazer qualquer coisa
para reatar os laços.
Ervas daninhas não nascem da noite para o dia. Paredes não são
erguidas em uma noite. Até as coisas ruins da vida também precisam de
tempo para se desenvolver. O grande matagal já foi um dia um simples
gramado.
O amor é forte como a morte dizem as Escrituras. Quando morre é
porque já sofreu toda sorte de agressão, desde as indiferenças até os
maus tratos verbais e físicos. Geralmente o amor não morre, nós o
matamos. Nós o matamos com nosso egoísmo, com nossa acidez, com nossa
ira, como nossa negligência. E depois contemplamos o cadáver sobre a
lápide fria e choramos amargamente perguntando o que foi que aconteceu.
Nós nos recusamos a alimentá-lo como se ele não precisasse disso. Nós
agredimos as pessoas a quem amamos acreditando que elas tem a obrigação
de perdoar sempre, independente se nos arrependemos e pedimos perdão ou
não. Nós dizemos ao nosso cônjuge palavra ferinas que não diríamos a
ninguém e o tratamos com uma rispidez que não dispensamos a mais
ninguém. Colocamos antes dele coisas menos importantes. E acima de tudo
nos recusamos a pedir perdão, mesmo quando no fundo saber estar errados.
Um fogo não se apaga sozinho nem se mantém sozinho. Ele se mantém ou
cresce quando alimentado. Ele se apaga e mingua quando negligenciado,
quando esquecido ou quando sobre ele é lançado algo que fere sua
natureza.
Entendemos de fogo, entendemos de plantas, entendemos nosso trabalho e
muitas coisas que estão ao nosso redor. Mas nem sempre fazemos qualquer
esforço para entender a carne de nossa carne e os ossos de nossos
ossos. Esse conhecimento é uma ciência necessária.
Casamento não é aquilo que acontece na Igreja ou no cartório em um
determinado dia. Casamento é o que acontece depois daquela ocasião. É o
dia-a-dia, o passo-a-passo, o relacionamento nosso de cada dia que vai
determinar como ficará o nosso amor. Estamos construindo nossa morada,
não com tijolo, cimento e pedra, mas com nossas palavras, nossos gestos,
nossas decisões.
Se depois de um tempo olharmos e percebermos que nosso casamento se
tornou uma coisa feia, uma construção disforme e insegura, precisamos
lembrar que nós o tornamos assim. Se ele for uma bela morada é porque
colocamos as coisas certas nos lugares certos, construímos com amor e
cuidado.
Ao invés de aprender como reacender as cinzas, precisamos aprender
como deixar o fogo sempre aceso. Embora expressar o amor corra o risco
de se tornar um gesto mecânico, precisa se tornar um hábito porque é um
bom hábito. O outro deve ser a conquista nossa de cada dia, deve ser
também nossa Canaã almejada, nosso sonho de leite e de deleite.
Ainda dá tempo de acertar as paredes tortas, de limpar os mofos, de
caprichar um pouco mais nos detalhes daquilo que estamos construindo.
Claro que se houver perigo os técnicos devem ser chamados. Não resta
dúvida que você deve fazer tudo para salvar seu casamento em perigo. É
bem melhor do que vê-lo morrer e você morrer com ele.
Todavia, se você priorizar seu casamento acima de tudo, menos de
Deus, então não haverá risco. Se todos os dias você procurar um modo de
tornar seu amor mais evidente, de tornar sua comunhão mais estreita e
sua parceria mais firme, você não terá nada para salvar. Seu lar será
sempre seu castelo seguro.
Autor
Eguinaldo Hélio Souza
Pastor, jornalista, professor de
teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de
apologética, seitas, escatologia, Israel e vida matrimonial. Colaborador
da Bíblia Apologética de Estudos. Articulista das revistas Povos e
Apologética Cristã. Criador do curso de Apologética Aplicada pela
FAETESF e locutor da rádio Saber & Fé. Autor dos livros Lições de
Amor e Novas Lições de Amor (casais), Israel Povo Escolhido, Visitação
de Deus e Quem é o Perdido?
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